sábado, 28 de maio de 2011

palavras complicadas

ontem me disseram...

que eu estava ausente ultimamente.
que eu parecia meio deprimido.
que nunca me viram assim e nunca gostariam de ver de novo.
que me associam a alegria, e a ausência desta em mim faz muita falta.
que muitos eram dependentes do meu sorriso e da minha felicidade de viver.

no fundo, são todos uns tristes, patéticos, deprimidos.

precisamos da felicidade do outro pra acreditar que felicidade realmente existe.

alimentar esperanças, segredo, revés, ou ironia.

fiquei feliz.

não nego. algumas vezes as pessoas ficam realmente felizes, acredite.

é rápido, mas ficam.

e você achando que cinzas eram o fim. seremos cinzas. mas não existe fim.

existe conflito, conforto e competência.
existe herança, história e homenagem.

enfim,
fico feliz por usarem a minha voz para aqueles que não sabem se expressar.
fico feliz que usem meu sorriso no rosto dos que não sabem sorrir.
fico feliz que você também usa essa máscara e me ajuda a fazer desta sociedade autótrofa.

imagine se todos fossem médicos...
a humaninadade nunca teria estado tão doente.

mas tem alguns, médicos da alegria, que corrompem seu conatus para fazer de um dia nublado uma tarde de sol amena.

meu desmérito, nunca agi com o impulso da felicidade para recuperar/salvar outras pessoas. foi tudo pra mim. eu faço o que convém às aparências de mim para mim mesmo. eu faço pro espelho. uma visão superficial de mim mesmo.

a gente nem se conhece.

e eu achando que conversar com as pessoas resolveria problemas como: falta de comunicação.
por mim, eu posso conversar durante horas com uma pessoa e não necessariamente haverá uma comunicação eficaz.

o que me dói, quando eu olhei no seu olho e disse que não sabia o que dizer. acredite, nunca fui tão eficaz. só não sei se você entende minha língua. isso pode ser um problema.

voltamos a comédia...

não sei mais o que dizer pessoas tristes.

só sei que existe um buraco no meu peito.

existe cerca elétrica na minha casa.
existe esperança.
existe toda a raiva, todo jogo, todo punho fechado.
existe uma estrela.
existe.
simplesmente existe.
existir é a única coisa na vida que a gente não pode controlar.
a gente só existe e pronto.
existe sem verso e sem prosa.
existe sem dívida, dádiva ou perturbação divina.

primeiro você existe, depois você pertence.
demora anos pra pertencer.
enquanto isso você continua existindo.
existir às vezes dói.
pertencer dói quase sempre.

e você pensando que não existia.
e você pensando que pertencia.

pertencer. palavra complicada. um dia eu pertenço, nem que seja a mim mesmo.
é bom pertencer.

agora eu existo.
só.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Prólogo do Sonho.


A inspiração me vem como um murro no estômago.

Dores de cabeça.

E intensa cegueira.

Num segundo eu me vejo em Baudrillard.

No outro não sei contar nem a até 3.

Sigo me fantasiando em destino.

Sorteando votos de confiança.

Reagindo como uma gárgula.

Tossindo.

Tossindo muito.

Cuidando de mim.

Cuidando dos outros.

Fingindo cuidar de mim.

Sorrindo pra parede.

Imaginando o céu além da neblina.

Sem sono.

Sem som.

Sem senso.

Sem escudo, sem arma.

Sem paz.

O típico esquizofrênico que vê vários de si.

Se persegue, mas não se encontra.

Escuto vozes de guerra, vozes de anjo, e vozes do que dizem ser Deus.

E quando me encosto ao travesseiro as vozes se atropelam.

Tento ouvir o som de uma só, o que caracteriza minha bipolaridade.

Meu corpo vira sentimento e todos os músculos viram coração.

E no fundo… Eu me vejo de novo na virtualidade de Baudrillard.

Tentando sentir algum carinho por entre meus cabelos.

Tentando sentir algum beijo em minha nuca.

tentando ouvir alguma voz que sussurra em meu ouvido, só em meu ouvido…

Eu te amo.

domingo, 8 de maio de 2011

Isso poderia ser um pedido de casamento minimalista

E se for pra me amar, me ame por inteiro...

não sou peça, palco, dívida ou dinheiro.

sou paz, sou raiva.

sou teu preto no branco.


dogmas monarquistas que exilam, encarceram, queimam, enforcam, e amam até a última gota de sangue.

não me ame ao meio.

Por favor, e se assim, não diga que me ama.

me respeite, me respire.

me pule, me vire.

me jogue dos lados, me cubra de braços.

e se eu não conseguir dormir, não durma comigo, ou me deixe ficar de olho ao lado..

me chame de louco, de alto, fale que eu falo rápido e me deixe atônito.

um dia eu me animo, um dia eu me rasgo.

é por esperar, é por querer.

espero mais que a mim e quero mil de mim.

sorte por te ter, pena que de leve.

e se leve, e se for, quero que me leve junto.

não tenho preconceitos, tenho juras, faltas e defeitos.

tenho todo o abraço que você nunca sentiu.

e todo o beijo que nunca sentirá.

tenho o desespero em vermelho, a paz em preto e a verdade em transparente.

tenho tudo o que precisamos, por meses, por anos.

por anos, e anos, primaveras, verões e fins de ano.

pelo tempo que amadurece, pela esperança que me fere.

pela certeza que eu nunca tive de ninguém, e espero ter de ti.

só tente decorar meu nome, que eu não me incomodo de abaixar pra te beijar.