sábado, 23 de outubro de 2010

Saudade

Me senti amado, e isso mudou meu dia.

Tinha esquecido de me sentir importante...

Depois de um certo tempo sem amor, todo o carinho que recebemos parece ser chocante.
Nos toca de tal modo, que a raiz do amar te abraça e por alguns segundos você se aquece.

Me sinto um artista dentro de mim mesmo.
Meus olhos são os paparazzi do meu reflexo, e jogar o cabelo vira quase um espetáculo.

As cortinas se abrem.


Um garoto, moreno, gay e estabanado.
Um retrato de outras vidas que viveu, em encarnações presas ao seu próprio tempo. Ele é um personagem de si mesmo, como diria Clarice. Sementes que caem em sua boca, dão indigestão, e ele sem querer vomita a vida.

Por que o meu ódio é minha arte mais amada?


Talvez por ser sincero, talvez por ser a alma em carne viva, e quando se está em carne viva é impossível não impressionar.

É o mundo frio que me faz ser admirado, reconhecido e depois feliz.

Cruel, ser admirado pelo sofrimento. É a ironia do poeta. Não que eu seja poeta, estou longe da arte rimada. Mas lá no fundo sinto que minha alma é poesia, que as entranhas são tortas mas se encaixam, o pulmão escuro porém sincero, o sangue tem espinhos que me despedaçam por viver, toda vez que paro, observo e simplesmente respiro para sentir a vida.


Sinto que loucura é tendência, e fico feliz. Loucura é questionamento. Questionar é se colocar no mundo como pessoa única, errante e amante. A vontade de contagiar o mundo com essa loucura talvez me faça mais feliz ainda, poucas almas conseguem ser contagiantes.

Contagiar é se amar, respirar todo ar ao redor em sincronia, fazer da sua verdade um esconderijo pra quem procura a sua própria.

Eu amo contagiar. Amo ser contagiado. E acima de tudo amo pessoas dispostas a se contagiar com o sangue e a doçura ao redor.

É engraçado como eu amo definir coisas que não sei definir. Minhas definições são estranhas. Mas é o que eu sinto e se arrasta até minha cabeça que eu procuro escrever.

Sendo honesto, ser estranho é minha qualidade preferida.

Viva à estranheza, viva ao contágio e viva às feridas da alma.

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