domingo, 22 de agosto de 2010

Dormindo Com Agulhas.

Domingo, 9h da manhã. Eu chego em casa.

Olhos vermelhos, hálito de cerveja, perfume de cigarro.

A dor nas pernas era grande, eu não a sentia dor, mas sabia que elas estavam doendo.

Reflito nos 30 segundos fora da minha paranóia que a mente me deixa de presente.


Talvez eu esteja cansado demais pra dormir, talvez eu esteja cansado demais pra acordar no meio de sonhos indesejados. Quando acordado esse sonho se faz triste, mas a cara de ator não me deixa entregar o olhar de desgosto. Dormindo poderei estar mais vulnerável, poderei acordar com o rosto inchado do choro que nunca chorei, sentindo as dores que nunca senti, exausto do sono que nunca dormi.

Enfim as pálpebras fecham, é meio dia e o fisiológico fala mais alto, pelo menos não sinto mais dor de cabeça.

As pessoas na minha casa acordam uma da tarde, algumas as duas. Eu acordo as nove, quando ouvi silêncio, alguns foram trabalhar e outros simplesmente foram embora. Um ou dois cigarros não fazem diferença, mas aquela música sempre me deixa com os olhos de dúvida. Não sei se é fraqueza ou o pouco que resta da minha inocência gritando pra eu deixá-la ir embora de vez.

Ligo o computador, o barulho me irrita.

Aos poucos algumas janelas do msn começam a piscar, e foram todas aquelas que não vi no dia anterior, todas aquelas que eu não queria prestar atenção no momento, e de súbito não prestei. Um simples "oi", "estou bem" já basta. Se insistir a irritação surge em forma de descaso.

Quatro horas depois: cinco cigarros, um filme triste, um pouco de leitura e aquela música com gosto de confusão.


Dali a pouco as pessoas iam começar a chegar, e eu não sei o porque que isso me irrita, ainda não sei.

Um bom dia já estava de bom tamanho, mas às vezes me perguntam se eu estou bem. Eu geralmente não estou, mas prefiro responder que sim. Encurta o papo. Ficar em silêncio também ajuda, o silêncio talvez seja a resposta perfeita, tudo o que você quer dizer sem dizer nada: não, não estou, e não quero falar sobre isso com você.

Sem apologia à depressão, mas queria sonhar com a morte. Com a minha morte. Queria me ver num túmulo e contar as pessoas que estão ao meu redor, depois acordar e perceber o quanto insano eu sou (e você também é), porque sinceramente, eu sei de cor sem sonho algum quais seriam aqueles que chorariam por mim.

Talvez fossem aqueles que eu não dou atenção no msn, aqueles que me ligam meia-noite pra saber se eu já vomitei ou precisarei de ajuda, e principalmente aqueles que mal me vem, mal me conhecem, mas me dão bom dia quando chegam cansados em casa, mesmo correndo o risco de não receberem resposta alguma.


Pode ser isso que perturbe meu sono, que não me deixa agarrar a paz que eu quero mesmo quando estou inconsciente, me perfura no meio da noite e eu pergunto se estou na cama com o lençol ou com agulhas embaixo de mim.

2 comentários:

  1. Voce sabe o que eu penso sobre tudo o que eu acabei de ler? Que me encaixaria em diversas partes, ontem acho que aconteceu uma coisa muito parecida comigo. Tem partes que eu li, que eu espero que seja a ultima vez que voce faca isso, mas quem sou eu para lhe falar alguma coisa? Lino, o texto esta maravilhoso e pode ter certeza de que voce me viria la chorando por voce! Um grande beijo, tati =)

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  2. Eu me encontro nas suas palavras.. Sem mais.

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