sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O que eu tenho pra hoje.

Quero falar de fogo.

Quero falar de brasa.

Quero falar de fúria.

Quero falar de tudo o que está aqui dentro. Tudo o que queima e eu não posso ver. Tudo que dói e eu não sei de onde vem.

Devia ter falado de sorte.

Devia ter falado de graça. De alternativa.

Devia ter falado de tudo que eu sei que não existe. Porque mesmo que hajam opções sua alma já tem a resposta, e escolher a alternativa contraria te fará sofrer tanto quanto escolher a certa. Deixe doer, deixe doer que passa.


Sorri para o nojo.

Sorri para o feio.

Sorri para o escuro.

Mesmo que eu não saiba se estou bêbado, ajo como um, sorrindo, mesmo que não se veja não há tão puro remédio. Então eu esqueço que não estou bêbado e tenho ressaca de sorrisos. Como um palhaço, no pior sentido, um idiota. Ainda bem que quase todo idiota é quase sempre feliz. Prefiro ser um.

Olho para o Sol.

Ainda bem que é dia, é raro aproveitar o Sol. Se houvesse aqui um gramado seria aqui meu descanso, meu momento de brilhar, mesmo que com a luz de outros astros. Até ele ir embora.


Até que...

Olho para a lua.

Ainda bem que é noite, e desta vez eu estou são. Hora perfeita de sentar na beira de uma piscina com seu melhor amigo, beber uma cerveja, fumar um cigarro, trocar segredos e fazer planos. Apenas amigos, melhores amigos, para que o estar junto seja por sinceridade, mesmo que só por esta vez. Até ela ir embora.


Até que...

Olho para você.

Não sei se é noite ou dia, não reparei na cor do céu, nem em outra luz que seja a dos seus olhos. Meu cheiro de cigarro é mais forte que seu perfume importado, eu nunca valorizei muito as marcas, talvez isso te irritasse. Eu não sabia o que falar e me atropelava nos verbos toda vez que sua mão gelada tocava minha nuca, talvez isso me irritasse. Eu ria do seu rosto de coitadinho e você criticava meu tênis rasgado, talvez isso nos irritasse. Até você ir embora.


Até que...

Olho para o espelho.

Vejo tudo o que não procuro em alguém em mim mesmo. Talvez seja uma placa: "hei, não seja assim!". Dou risada, muita risada. Digo em voz alta: "Quanta idiotice você já fez na sua vida!". Penso: ainda bem!

Até que...

Tudo o que eu quero falar pra mim mesmo, tudo que eu devia ter falado pra você, virou um sorriso. Um simples, sem sentido e idiota sorriso. Aí que loucura! Aí que absurdo! O quanto eu estava feliz em ser imperfeito e, de tão idiota, rir disso. Toda a minha alegria, todas as minhas respostas estavam naquele sorriso.

De tão bobo que sou, serei eu. De tão imperfeito que sou, serei eu. Como é bom ser eu. Pagar penitências com sorrisos, trocar um adeus por um até logo, trocar todos os meus erros por um "faria tudo outra vez", faria mesmo, talvez pior.

Até que...


Eu acordo pronto pra mais um dia ou noite, ainda não olhei para a cor do céu, minha única certeza é de recepcionar mais um dia ou noite com um sorriso.

É o que eu tenho pra hoje.

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