segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eu não tenho data pra comemorar

E quando você põe 20 héteros em uma balada (quase) gay?

Primeiro quero agradecer a todos que foram comigo nesse sábado no Clube Glória, aqueles que tentaram ir também.

Alguns ficaram em choque, outros adoraram, outros me agarraram e outros me xingaram.

Mas assim é a vida. (Y)

Eu acho.

Sempre pode melhorar.


Também acho, o importante colega é você estar ciente de que seus amigos não devem estar em estado de desequilíbrio alcoólico, quando surge aquele sorrisinho meio 13 e o colega erra a tabuada do 4 tá no ponto certo. Afinal você não quer ir pra noite com cheiro de gorfo e muito menos que ele saia da sua boca, de desagradável já basta o bafo de cigarro.

Nos casos mais extremos quando tiver um colega tentando desestimular sua noite, bota cachaça na boca dele e toca Lady Gaga. Ahazo! Sairemos lindas, saltitantes e de edy pra lua.


Para os meninos héteros.


Amados, com sinceridade, balada gay é onde mais sobra mulher, e mulheres em um nível muito superior às de costume, em baladas de costume, que costumam ser feias. Ou seja, o costume é deselegante. São nessas baladas onde vocês encontram mulheres de qualidade, e não aquelas colegas usadas que tem até a racha em forma de sonho de padaria. Mas tem muito viado? Claro que tem, mas gay conhece gay e se você não for das colega fica tranquilo, ninguém te agarrará. Aposto meu cu se isso acontecer. Oi? Independente do meu cu, gay conhece gay, e isso basta.

Para as meninas héteros.

Amadas, eu sei que é difícil arrumar macho nesses casos, mas posso ser sincero de novo? Obrigado, com licença. Na balada das bee você pode descabelar, esculachar, dançar agarradinho, ir até o chão e até ir sem calcinha que ninguém te julgará, não vai ter nenhum pussy hunter te agarrando e te chamando de gata/pitel/piriguete. As críticas se limitam às suas roupas, então vai linda e Ahaza. É o tipo de balada onde as mais seguras de si e lindas por natureza vão. Mas se você quiser ir pra luta, relaxa, existem bartenders, DJs, Go-go boys e homens de classe a procura de mulheres de classe.

Prazamiga do babado.

SE JOGA! Acho que eu não tenho nada melhor a dizer.

Se conhecer o verdadeiro Alejandro pra vocês basta, digamos que dá pra fazer ainda mais que isso. Quem viu sabe, quem provou aprova.

Ele comeu meu coração. Mas eu não quis o beijo dele, não quis o toque dele, apenas fumei meu cigarro e corri. Aham! (Cadê a Cláudia?)

This is it.

Se quizer se divertir me chama.

Se quizer vandalizar me chama.

Se quizer vadiar e for alto, formoso, meigo e de língua grande também pode me chamar.

Se essa noite não foi sua, compense na próxima que um dia sua sorte virá.

Quer apostar?

Eu quero.

Posso?

Obrigado, com licença.

terça-feira, 22 de junho de 2010

ETE LG Com Sinceridade

Vamos falar sério sobre a ETE Lauro Gomes?

Eu vou.

Posso?

Obrigado, com licença.

Esse é um post muito pessoal e interno para quem vivenciou e integrou a escola com a qual fui aluno no ensino médio. Devido a fatos e engasgos, que tive e tenho, estou escrevendo esse post.

Vamos lá.

Caros ex-alunos, frequentadores e colegas da ETE LG,

O Ensino Médio acabou, a falsidade acabou, amizades acabaram, relacionamentos acabaram, mas uma coisa que jamais deve acabar é o respeito.

Com certeza a maioria de nós sente falta, quem não sente são aqueles poucos que estavam presentes porque tinham de estar, excluídos por pura autocondição, porque afinal gente estranha nunca foi sinônimo de gente anti-social, estou eu aqui, a prova viva disso.

Ótimo. Não estou aqui para dizer de como nossas amizades eram lindas e devíamos continuar pra sempre amiguinhos. Isso não existe, muitos estão felizes de se livrar de algumas pessoas, mesmo sentindo falta de outras, é claro que havia amor, mas o sentimento de desconfiança em terceiros acabou criando um clima caótico onde, até hoje, não sabemos quem mente e quem não mente, quem distorce ou não distorce, e no final das contas todos nós mentimos e distorcemos muitas coisas.
O que se tem hoje: cacos, podres e muito fedo. Saímos mais confusos que entramos, laços de amizade que haviam arrebentaram de tão desgastados pelos anos de indecisão, e muitos simplesmente afrouxaram por coincidência ou influência de outros que talvez não tinham tido tanta importância.

Sei que amizades não irão se reatar, relacionamentos se conciliar, mas acho que os julgamentos já passaram do limite. O disse que me disse já passou do limite, e ameaças são tão infantis quanto atos de falsificação sentimental.

Alguém já ouviu falar de espelho?

Pois é, ele existe.

Não quero dizer que sou melhor que ninguém, jamais, nunca fui. Mas pelo menos reconhecer as idiotices ao invés de fazer mais idiotices eu sei fazer. Mesmo eu sempre sendo meio fora do normal.

Recomendo que sentar e refletir talvez ajude, mas agora acho um pouco tarde pra isso. Você verá quem quiser ver, e falará com quem tiver que falar. E pra quem ainda não conseguiu se ver no espelho e tirar a limpo, ou simplesmente esquecer histórias que já foram mortas e destroçadas pelo próprio tempo, acho que a inércia sentimental te levará ao abismo pelo qual você já sabe que está na direção.

Isso foi por mim e por todos.
Para mim e para todos.

Meus amores sabem quem são meus amores, é disso que eu me orgulho.

domingo, 20 de junho de 2010

Quartel ou Motel

O Fato

Eu, lindo, belo e solto, fui para o Tiro de Guerra essa semana para uma fase de seleção. Eram 300 homens de 17/18 anos reunidos em um pátio no melhor estilo FEBEM, talvez um ou dois bonitinhos. Também tinham soldados, vários soldados com suas roupinhas verdes e selvagens, a maioria no melhor estilo camarão de homem. Pois é amados, lá estava eu, quase uma Ariel sem o Linguado. Depois de horas e cerimônias de desperdício de tempo, começaram a chamar os nomes que iriam passar para a próxima fase de seleção. E adivinhem quem foi chamado? Eu, isso, exatamente EU! Espantei, shockay, morri, aloka, ladygaga! Pois é. Levantei minha cabeça, ajeitei meu cigarro no bolso, joguei o cabelo e fui de encontro ao soldado que me chamou, estava com vontade de gritar: cê tah bem loka?. Chegando na fila de infelizes que também passaram para a próxima fase, um tiozão começa a falar e diz que ainda terá de ser feito um exame médico e uma entrevista com o Sargento. Foi aí que eu pensei: AHAZOOOOOOOOOO! Entrevista com Sargento? Adoroooo! Ainda tenho salvação.


Veremos o que vai dar, eu acho que a gente fica amigas. E você?

AUSHAUSHAUSHAUSH!

Por que não eu?

Acho que exercer a carreira militar não se encaixa no meu perfil. Não quero dizer que gays não podem seguir essa carreira, está aí Alejandro para nos mostrar o contrário. Mas que não me sinto a vontade naquele ambiente machista, exaustivo e destrutivo. Pra mim, desnecessário. Para mim Lineker, não para mim gay. Acho que esse é um rótulo muito forte, e se sobrepõe principalmente em decisões como estas, mas não deveria interferir, assim como raça e religião.

E se eu for chamado?

Vou transformar o quartel em motel. Simples assim. E é claro que eu deixarei isso claro para o sargento no dia da minha entrevista. Já que gays são expulsos do serviço militar porque são gays, por que os chamarem para integrar essa corporação? Né.


E pra ser sincero. Se houvesse um exército gay no mundo eles ganhariam tudo, sabe porque?
Porque viado é esperto. Eles iam estar em um ambiente agradável cazamiga, transariam muito, beberiam e liberariam hormônios que psicológica e fisicamente favoreceriam-os em combate.

E você acha que as gays iriam lutar?

Claro que não. Já disse que gay é esperto. Com certeza eles iriam desenvolver alguma arma química que despertaria o desejo sexual homossexual do exército inimigo, que ficariam se pegando sem parar enquanto os gays de nascença ganham a batalha. Simples assim, sem timidez.


É o que eu acho.

Não vejo a hora da minha entrevista, me aguarde Sargento.

domingo, 13 de junho de 2010

Sol na Montanha

Do aço desmorona.

Lama que era gelo, de cacos surge água suja.

Montanha alta e imponente, de forte foi a fúnebre.

E de tão alegre pelo Sol, morreu de agonia ao ver a lua.

Era gelo e Sol. Era a contradição mais linda da natureza. Era forte.

Admirada firme de potencial invejado. Seria o pico mais alto, seria a mais dura armadilha, cruel com quem enfrenta, fiel com que a pertence.

Nasceu de acidente natural, vive de tempos a trilhas confusas.

O Sol bateu forte, que mesmo no gelo se viam miragens de deserto em areia congelada.


Passaram-se oportunidades, trancos, barrancos e foices.

Labirinto de chaves e mistérios sensíveis e sombrios, viam-se um ou dois fantasmas no alto da montanha mas nenhum sabia sorrir.


Ela aprendeu a domá-los, e de esconderijo para monstros fez-se o paraíso instável de beleza incomum.

Derrete.

Uma tempestade levou a poeira que chamavam de alegria, a montanha nunca foi realmente feliz. Mas acolhia quem estava a deriva, e calçava os que estavam no ar e gostavam de voar.

Hoje não existe pico, não existe gelo, muito menos medo.

Escorre do alto lama e água suja, inunda cidades vizinhas, antes chamadas de amigas, tentam lavar a lama, e com palavras reconstroem suas casas sujas na beira da montanha.

O gelo virou vidro, sangue escorre em bica, lágrimas da natureza.

Tão viva quanto antes, frágil como nunca. Agora a vulnerabilidade está exposta sem senso ou censura.

Ciclo ou reciclagem, lama, lixo, pó. O bem visto sempre foi previsto, mas ainda acho a surpresa mais bela.

A lógica diz que a montanha morre. Talvez seja por isso que algum sábio criou a palavra destino. Ele pode não existir, mas explica tudo. E faz da surpresa um ato revigorante, que trás a vida ao rosto mais pálido, e a montanha mais distante, mais fria, mais sozinha.


A montanha que não sabe se vai morrer amanhã. Mas odiaria que isso acontecesse. Não por amar a vida que leva, mas por não ter cumprido ainda o que a natureza a predestinou a fazer.

Já trouxe a glória ao mundo muitas vezes, chegou a hora de cuidar de si.

Trago o gelo, a areia, o vidro, o medo, a frieza, o Sol, a miragem, os sonhos de volta para o meu caos. Porque o dom da minha montanha sempre foi a beleza contraditória de tempestades de glória e fantasmas de brinquedo, que mesmo mortos nos fazem sorrir.


Aprendam que eu nunca vou me despedir, e se um dia fazê-lo, joguem minhas cinzas na montanha mais alta, mais fria e solitária de todo o planeta. Que quando o vento bater eu sorrirei novamente, não com vida mas fé, da minha poeira virar a alegria de muitas vidas, tão superficial quanto a própria vida.

Nunca será um adeus, sempre um até logo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dia dos Sem Namorados


Colega você tá single?

Tá carente?

Tá querendo e não tem com quem?

Relaxa! Bate aqui que a gente tá juntas 0/


O que fazer na Véspera.

Não pense nisso. (Porque você vai deprimir, e a gente não quer isso)

Não se desespere. (Porque você vai começar a procurar namorado até no ônibus)

É um dia comum. (Exato, como qualquer outro, põe um off na comemoração alheia)

Não dê pra qualquer um. (Só te fazer sentir mais fútil e solitária)

Faça compras. (Distrações, sempre afastam os maus pensamentos da sua cabeça desnaturada)

Não se embebede. (Porque você vai acabar descumprindo todas as regras acima, principalmente no que se refere a dar pra qualquer um)

Encha seu dia de afazeres e atividades divertidas cazamiga solteira. (Porque é o que tem pra hoje)


O que você vai fazer no dia.

Pensar nisso o dia inteiro, não será um dia comum, combinará de beber cazamiga encalhada por desespero, gastará todo seu dinheiro no barzinho, não sobrando nada para as compras, você vai acabar dando encima do primeiro que aparecer, dependendo do teor de álcool no seu sangue pode até dar pra ele, e seu afazer será se sentir fútil e com ressaca.

Me faça estar errado amiga.

Nada de passado.

Ex é ex. Não faz a arrependida só porque a gente tá no dia dos namorados, esquece isso, seu sexo era on fire, e agora é com quem pode tá comparecendo no teu esquema, como dizem as meninas do meu bairro. Então foca no desprezo e esquece que o passado pode virar presente, se isso desse certo máquina do tempo teria nas casa Bahia, e cartomante teria emprego registrado. Tá, querida!

Motel sempre lota nesses dias, então evite passar na frente de um, porque verás um monte de gente indo transar e você indo pra casa comer pizza e brincar com teu cachorro. Pensa que aquela galera vai passar horas numa fila pra transar num lugar todo usado, e que fede a xana mal-lavada, você transava de dia de semana em suite presidencial, e não pode reclamar de barriga cheia pois não mora em Diadema. Se mora, ahaza com canivete no pulso.

Se for pra se matar amiga, põe uma trilha sonora legal e deixa uma cartinha dizendo que me ama. E por favor não esquece de twittar isso, porque vai dar bafão e você merece ficar famosa mesmo que seja na morte. Se for rica me manda um cheque, eu sempre amei as depressivas.

Desejo Boa Sorte pra nós duas.

Se nós sobrevivemos mesmo perdendo metade das nossas ações depois da crise financeira dos dois últimos anos, não vejo porque passar por essa fase sentimental deprimente sem êxito. mesmo porque homem não presta, e nosso dinheiro já tem um destino que se chama shopping, ele que pague sua conta pois as exigências da dama são as prioridades de um casal. E se você for menor de idade, pode até esculachar, como eu fazia, ainda faço.

Estamos juntas, e mais lindas que nunca.

HI 5!

domingo, 6 de junho de 2010

O dia vai ser bom

Existe coisa mais cruel do que rir da própria desgraça?

Talvez sim, mas eu prefiro não responder com convicção, convicção nos remete a uma alta probabilidade de erro, e eu estou cansado de não acertar.

Eu, lindo, belo e falido, fui hoje a maior parada gay do mundo, em SP.

Conclusão: Roubaram meu celular e minha carteira com todos os documentos possíveis, e tive que ir embora no meio do evento sem falar com a maioria das pessoas que iria encontrar lá.

Amanhã eu trabalho de manhã, em um emprego que apesar de não ser um dos piores possíveis, tem uma alta carga de pressão, mesmo eu estando em um período de treinamento. O que me deixa triste com relação a isso é que acho o emprego interessante, e nada me deixa tão irritado como não ser bom o suficiente em uma coisa que eu gosto de fazer.

Tem mais, o chuveiro da minha casa não aquece o suficiente para uma gay fresca como eu tomar um banho decente de inverno, e a luz do meu quarto queimou assim que eu cheguei belíssimo em casa hoje.


Fumei meu último cigarro e estou com dor de cabeça.

HAUHSAUSHAUSHAUSHAU!

Ria, mas ria muito. Talvez é o que me faça ir adiante.

Saiba que eu não me abalei, é claro que eu tô puto, mesmo porque semana que vem tem o dia dos namorados e a carência não vai nos levar MAIS ao fundo do poço.

É hora de construir. Ficar falando dos tormento só enrijece a tempestade.

Ao invés de chorar eu fiz um B.O. e tudo isso só me fez ter foco no meu trabalho para em um mês conseguir tudo o que eu tinha antes de volta. Um celular novo eu já consegui, meu irmão tem 12 anos e tem dois celulares, pra quê? Com 12 anos eu brincava de Max Steel e imitava a Britney com Baby, baby, one more time. Então mandei ele focar no álbum da copa e me passar um dos celulares dele.

Documentos. Eu trabalho no centro de SBC acho que em um dia eu consiguiria ir no Poupatempo e tirar todos de novo.

Daqui umas semanas chega meu pagamento, e eu usarei toda minha fúria para ele ser altíssimo, comprarei um chuveiro novo e uma lâmpada florescente de uma marca que a Paris Hilton conheça.

Cigarro e dor de cabeça. Tá na hora de eu criar vergonha na cara e parar com isso, tá aí uma boa hora, chega de Dorflex e mal-cheiro. Tem a questão da economia também, mesmo porque eu só compro box, maço é coisa de gente que não usa calça apertada, porque falida eu também sou. HSAUHSAUSHAUSH!

Haja GayPower!


Pronto já calculei os danos e as possíveis soluções. Não é do meu feitio expor esse tipo de coisa, mas quando eu sentei na cama agora pouco eu não sabia por onde começar, minhas confusões não se acalmavam e mesmo que eu soubesse que tudo fosse temporário, não somos robôs para não sentirmos dor. Meia hora de terapia por um dia de tumultuo foram o suficiente.

E mesmo que eu me ache ruim hoje, sei que amanhã vou atender alguém com uma ficha assim:

Maria Aparecida
22 anos
4º série
Dona de casa
3 filhos
Casada (marido presidiário)

Não tem porque eu reclamar, tenho a calma e a capacidade de me reerguer. Já a Maria nunca esteve muito acima do que ela é hoje e muito menos tem a pretensão de ser, que é o mais triste.

Quando perguntei pra uma menina de 15 anos na semana passada qual era o sonho dela, e ela disse que era ser assistente de vendas em alguma loja, eu talvez tenha começado a entender que a nossa ambição nos diz até onde iremos.

Um dia a gente ri de tudo isso (clássico, clichê), ainda twitto do meu BlackBerry sobre o LG de R$150 que eu perdi hj, e dou um de presente pra minha empregada que se chamará Katylene. Não me importa o nome real dela, eu chamarei de Katylene. Nome de travesti porque assim como as travestis a Katy tem que se doar ao máximo para profissão dela, eu acho.

BJOSlino e Boa Noite.

E quando você acordar amanhã o dia VAI ser bom. Porque você é linda, simpática e não vê limites para sua capacidade intelectual, sentimental e sexual.

Será rica, cachorra, poderosa e rancorosa. Porque é como eu disse, por mais forte que você seja, ninguém é um robô, um dia você ri, mesmo que hoje você chore.

Duas lágrimas. Agora sorriso.

=D

Por mais simples que seja, basta.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ondas e dunas

Tenho medo de estar vulnerável.

Mesmo que cada dia que passe eu esteja mais e mais, na companhia ou na ausência, não importa.

Na companhia, a calma acalenta a paz que te faz completo, mas inseguro, e por mais de mil pedras que se tenha em mãos, caem todas sobre você. Falta força, falta ar.

Na ausência, buracos surgem e submergem, na perna, peito e cabeça. Dói a atitude do arrependimento que por atos desatam a saudade, vinda de fora ou de si mesmo. Como era doce o que era antes.

Eu ficava horas perguntando quando esse dia iria chegar. Hoje passo horas esperando esse dia acabar. Nunca passa, se hoje está vermelho vivo, amanhã estará vermelho sangue.

No primeiro dia eu corria em uma direção. No segundo eu corria por dois, por mim e por você. No terceiro dia não corria por ninguém, perdi o sentido, a razão, mas não parava de correr. No quarto eu me perdi. É o quinto dia, eu estou correndo em alguma direção, não sei se pro início, ou se na direção que eu desejei desde o início.

Não aceito culpa. Acho que já tenho bastante. Foram tantas chances, não é possível que todas foram perdidas por mim. Sou só, mas atitudes nunca vem sozinhas, vêem da alma, mas não vêem de uma alma sozinha, não existem almas sozinhas.

Somos todos ligados, como ondas, como dunas. Secos ou molhados. Alguns sempre lá encima, outros sempre lá embaixo, mas o vento bate, areias e gotas se encontram, o desconhecido se abate no improvável e as variantes do bem o do mal se cruzam, sem precedentes ou preparação.


Sei que não houveram precedentes, mas isso nunca foi preciso.
Sei que não houve preparação, mas o preparo não faz do provável possível.

Não há despedida, eu não sei me despedir de maneira indolor e fria. Digo adeus com todos os soluços do mundo engasgados na garganta, e um tapa-vento nos meus castelos de areia que se ergueram tão rápido.

Sinceramente, eu nunca formei amizades dessa maneira. Apenas laços que não souberam se desatar da maneira correta.

Eu sigo três passos por dia em direção ao mar, não sei parar, não sei nadar. Se eu morrer, as ondas me levam para a margem e eu estou pronto para outra. Não peço nada, mas poderia ter um barco me esperando quando não desse mais pé para enfrentar as ondas sozinho. Só isso, não é um pedido, é uma previsão, que pode ou não pode acontecer. Quanto menos se pensar nisso melhor.

Morrer ou viver em silêncio, uma alternativa para quem não quer mais pedir socorro.