Tenho medo de estar vulnerável.
Mesmo que cada dia que passe eu esteja mais e mais, na companhia ou na ausência, não importa.
Na companhia, a calma acalenta a paz que te faz completo, mas inseguro, e por mais de mil pedras que se tenha em mãos, caem todas sobre você. Falta força, falta ar.
Na ausência, buracos surgem e submergem, na perna, peito e cabeça. Dói a atitude do arrependimento que por atos desatam a saudade, vinda de fora ou de si mesmo. Como era doce o que era antes.

Eu ficava horas perguntando quando esse dia iria chegar. Hoje passo horas esperando esse dia acabar. Nunca passa, se hoje está vermelho vivo, amanhã estará vermelho sangue.
No primeiro dia eu corria em uma direção. No segundo eu corria por dois, por mim e por você. No terceiro dia não corria por ninguém, perdi o sentido, a razão, mas não parava de correr. No quarto eu me perdi. É o quinto dia, eu estou correndo em alguma direção, não sei se pro início, ou se na direção que eu desejei desde o início.
Não aceito culpa. Acho que já tenho bastante. Foram tantas chances, não é possível que todas foram perdidas por mim. Sou só, mas atitudes nunca vem sozinhas, vêem da alma, mas não vêem de uma alma sozinha, não existem almas sozinhas.
Somos todos ligados, como ondas, como dunas. Secos ou molhados. Alguns sempre lá encima, outros sempre lá embaixo, mas o vento bate, areias e gotas se encontram, o desconhecido se abate no improvável e as variantes do bem o do mal se cruzam, sem precedentes ou preparação.

Sei que não houveram precedentes, mas isso nunca foi preciso.
Sei que não houve preparação, mas o preparo não faz do provável possível.
Não há despedida, eu não sei me despedir de maneira indolor e fria. Digo adeus com todos os soluços do mundo engasgados na garganta, e um tapa-vento nos meus castelos de areia que se ergueram tão rápido.
Sinceramente, eu nunca formei amizades dessa maneira. Apenas laços que não souberam se desatar da maneira correta.

Eu sigo três passos por dia em direção ao mar, não sei parar, não sei nadar. Se eu morrer, as ondas me levam para a margem e eu estou pronto para outra. Não peço nada, mas poderia ter um barco me esperando quando não desse mais pé para enfrentar as ondas sozinho. Só isso, não é um pedido, é uma previsão, que pode ou não pode acontecer. Quanto menos se pensar nisso melhor.
Morrer ou viver em silêncio, uma alternativa para quem não quer mais pedir socorro.
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