Entre mortes e contradições

Quero deixa claro que todo meu amor é incondicional, temporariamente.

Minha raiva apesar de tropeçar em dúvidas se mantém perfeita, tem seus deslizes e disparos no escuro, às vezes faz uma ou duas vítimas por engano, mas ela é tão verdadeira que não ouso subjugá-la, apenas deixo acontecer de forma espontânea para que minhas vítimas morram ao acaso. Preferiria que fosse sem dor, mas o prazer da tortura nos faz poderosos demais para deixar a impotência ganhar supremacia.

Eu levanto minhas mão, te entrego minhas armas, arranco meu colete, que há tempos já não é a prova de balas, fico de peito nu, de joelhos, olhando nos seus olhos, respiro fundo, suspiro forte, fecho os olhos e conto até três. Pode atirar pelo meu corpo todo, comece pela cabeça se tiver bondade, pise no meu sangue quando acabar. Mas quando virar as costas corra, corra o máximo que puder, minha culpa, e minha entrega convertida em aceitação perseguirão teu corpo até que teus braços estejam rendidos e teu corpo esteja nu. A verdadeira rendição, vunerabilidade sem medo, entrega sem recebimento, tiros ao acaso do desejo, força agressiva, paixão repulsiva, dor e prazer obsessivos e incessantes.

O mal-estar não quer remédio. O bem-estar cometeu suicídio, e morreu sorrindo.

As rosas cortaram suas pétalas e afiaram sues espinhos. A hortelã estava embriaga no próprio cheiro, purificou-se, agora não tem essência, não tem nada, é um verde qualquer.

Adão fugiu do Éden sem pecados, Eva morreu virgem, a humanidade nasceu por contradições, se descobriu por contradições, a humanidade é filha da cobra.

A Lua disse Bom dia pro Sol, que não pôde vê-la, o Sol deu Bom dia pra lua, que não pôde-lo. Se amam mas nunca se viram. Se amam porque não tem opções, são sozinhos, sempre sozinhos, nunca deixarão de ser sozinhos. Para os sozinhos, se são dois, se existe teoria, o amor pode ser inventado, e a prática se faz por comodismo e ignorância.

Triste, nuca deixou de ser triste. Quando não era triste era mentiroso. A mentira, sempre orgânica, um dia apodrece. O podre é triste. Mas até o podre se cultivado facilita o raiar da vida. Que brilha quando dá a luz, depois se apaga aos poucos conforme os holofotes forem se afastando e nossas lâmpadas estourem de cansaço. O podre vive no escuro, floresce no escuro, e espalha suas sementes também na escuridão. mas o podre só virará rosa quando se achar perfumado, e não precisar mais de luz, ele sabe que é lindo, então fecha os olhos e se aprecia. deu bons frutos, deu seu melhor e sabe do que é capaz.

Mesmo que com mortes haverão vidas. Algumas iluminadas à exaustão outras na escuridão. As iluminadas sempre lindas e visíveis. As apagas, ninguém sabe dizer ao certo, algumas continuam pobres, outras floresceram e espalham perfume, e nunca precisarão de luz."Fortes são aqueles que transformam em luz o que é escuridão".

Quero deixar claro que meu amor incondicional está morto, temporariamente.